" Uma tarde amena,...

Lido muito mal com a morte, passaria a eternidade vivendo sem nenhum problema.
Me dá a maior tristeza saber da existencia de tanta coisa que jamais poderei ver em vida.
Me especializaria em todo tipo de profissão, escutaria todas as musicas e de todos os tipos,

visitaria todos os lugares da cidade (...) Mas quase não temos tempo, quase não vivemos.
- Caroline França -

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O ponto da questão.

Cheguei naquele ponto, sabe? Aquele em que não se tem mais nove anos de idade e os direitos e deveres mudaram drasticamente. Cheguei àquele ponto em que meus pais já fizeram sua parte, que consistia em me transformar em alguém com princípios e provida de educação a fim de me fazer ser capaz suficientemente para chegar onde estou agora. Estou no ponto em que preciso alterar muitos hábitos para enfim conseguir o que almejo há anos e anos. Estou entre o que posso conseguir e o que conseguirei por consequência de um fracasso, e um fracasso causado não por incapacidade ou falta de vontade, um possível fracasso apoiado em medo, insegurança, desorganização e fácil depreciação. Sim, meus maiores fantasmas, aqueles os quais guardo em algum lugar longe do alcance dos olhos, com o único propósito de negar suas existências, mas uma hora ou outra, a gente sempre volta a olhar-se no espelho, e no momento, é agora ou nunca. Eu só preciso me concentrar no objetivo, educar-me aos novos hábitos e realmente acreditar que não posso ser tão fraca quanto julguei por tanto tempo. Eu não sabia que este momento chegaria, não esperava que as coisas pudessem pesar tanto, mas estou aqui, e para trás eu me recuso a andar. 

Caroline França

domingo, 19 de fevereiro de 2012

"Hoje eu encontrei um velho amigo, mas encontrar implica perda."

Cada história tem três lados, o meu, o dele e o lado onde as coisas ocorreram. O ponto de vista é o que define a questão, mas não altera o significado do tempo transcorrido entre o primeiro telefonema e a última mensagem.

A primeira vez em que nos falamos ao telefone, foi naquele dia em que você não passava do carinha esquisito e desbocado das aulas em comum. Enquanto voltava para casa caminhando por conta do trânsito, você me contava sobre o dia e sobre achar estranho e ao mesmo tempo engraçada nossa conversa. Você não queria realizar o percurso sozinho, e então ali ficamos, jogando conversa fora... Ainda hoje me pergunto sobre qual ocasião entreguei meu telefone à você.

Eu passei a ver as coisas como acontecimentos desconexos, sem pressão, sem pressa, e tempos depois tudo começou, como alguns já previam. Começamos bem, nosso primeiro encontro se iniciou comigo tímida e atrapalhada e terminou contigo rindo pela sujeira que fiz, havia chocolate por toda parte, e devo agradecer à meu acompanhante, um gentleman. Nunca imaginei nada igual, eu estava sentada à sua frente, suja de chocolate, morrendo de calor e você apenas sorria.

Já era de se esperar que eu me apaixonasse por alguém tão diferente e tão igual a todo mundo?! Momentos depois, enfim assumimos de fato um relacionamento, éramos um casal alegre, espontâneo e sem muita frescura. O tempo foi passando, inúmeras mensagens, telefonemas e brigas, claro. Chegamos a fazer coisas que normalmente eu não pensaria em fazer, nem sozinha e muito menos acompanhada, como o zoológico, por exemplo, eu estava com sono e o dia nublado, mas você me parecia feliz, muito feliz. Chegamos até a ir a uma balada comemorar o aniversário de casamento dos meus pais, hilário!

Passou-se algum tempo, e eu me pegava sorrindo lembrando das coisas absurdas as quais você discursava, coisas que de tão absurdas, davam-me liberdade para sentir-me livre de aparências, livre de clichês e qualquer coisa que me parecesse superficial, você era só você ao meu lado. Contudo, também apanhava-me, distraída, analisando sobre os pequenos detalhes em que as coisas mais importantes para ambos, nunca foram iguais, e isto complicava e comprometia a continuidade dos desejos e ambições.

E quase que sem perceber, tecemos uma história. Lembro-me de você dizendo o quanto um ano e meio era pouco tempo, não penso que ainda acredite nisto. Considero que qualquer período de tempo pode significar tudo ou nada, depende mais da forma como se deseja ver do que como realmente se vê. Não posso afirmar muita coisa, apenas que o tempo transcurso entre me apaixonar pelo seu sorriso e o último sinal seu, ainda permanecem intactos, não da forma como eu costumava entender na época, mas da forma como desejo considerar atualmente.

Há alguns dias, assistindo a um filme, ouvi uma frase que é capaz de definir este texto, dizia mais ou menos que quando olhamos para trás em algumas situações, por muitas vezes, apenas observamos as coisas boas e nos permitimos esquecer das coisas ruins, e eu já não me lembro de tanta coisa...

O que sinto? Não saberia responder ao certo, mas, às vezes, sinto uma saudadezinha chata da forma como eu costumava me sentir nos momentos de trégua, sinto uma serenidade inconstante e dúbia, sinto vontade e falta de alguma perspectiva qualquer, sinto que aconteceu no tempo errado. Mas como já diz o ditado, Deus sabe o que faz e a gente não sabe o que diz.

Tudo acontece assim, todo relacionamento, todos os nossos amores infinitos não são tão infinitos assim. Já dizia uma sábia professora, todo ex será sempre ex, e a vida segue, até um dia encontrarmos alguém o qual vamos amar mais do que já fizemos antes, e se não der certo, logo encontraremos outro alguém e assim por diante. Até, finalmente, encontrar a pessoa que nos fará sentir orgulho de construir algo junto, alguém que nos fará ver que os pequenos sinais são jóias, alguém que valha de verdade aprender a amar, alguém por quem nos apaixonaremos pelas qualidades todos os dias e aprenderemos a nos modificar para conseguir conviver com as imperfeições.


(Caroline França)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O dia seguinte. Dele.

"Acha o mundo ridículo e feliz. Lembra que tava boa a vida procurando. Encontrar dá medo, preguiça e uma sensação estranha de estar se perdendo. Será que eu vou querer namorar essa louca? Será que essa louca vai querer namorar comigo? Aí ele lembra. Caraca! É mesmo! A menina escreve. Sem pudor. Falaram pra ele. (...) Ele corre com o banho. Ainda cantarola, mas agora é com um pouco de medo. Precisa entrar logo naquele site desgraçado. Todo cheio de desenhinhos inacabados e leves. Mas é ali mesmo que ela acaba com todo mundo e sem nenhuma leveza... Corre com seu carro que ainda tem o cheiro dela e uns fios de cabelo, pendurados no assento do passageiro. Foi bom. Ela não vai falar mal de mim. E também não vai falar nada de mim. Nem bem. Como ele quer que ela seja misteriosa e suma durante todo o dia de hoje. Ele quer sentir o frio na barriga, o nervoso pra saber se ela vai atender ou não. Não seja fácil, minha filha. Não escreve que gostou. Deixa eu sofrer um pouco. Deixa ... Ele chega na agência e não vai direto pro café. Espera ninguém estar passando atrás dele e digita o site dela. Sua frio, melhor pegar o café. Não, vai de uma vez. Vai. Abre. E de repente. Lá está. Um texto. Um texto pra ele. Caramba, ela já escreveu? É o primeiro texto que alguém escreve pra ele, tirando uma tontinha da época da faculdade que botava frases do tipo “eu sei que quando tiver de ser, será” nas cartinhas que ele nem lembra mais onde foram parar... Ele gosta dela. Não tem mais como fugir. É, da medo. Ela deve estar com medo também. Gostar é começar o inferno tudo de novo. Mas ela, quem diria, escreve lá no texto que topa. Topa começar tudo de novo. E faltando dois parágrafos pra terminar o texto, ela manda, na lata mesmo: “quero te ver hoje”. O que será que ele vai responder? Ele então pega o café. E sai cantando como se o dia estivesse diferente. Over and over and over and over..."

T. Bernardi

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Dear you.


Vi uma foto nas tuas coisas. É o que dizem sobre procurar e encontrar, e após tanto tempo apostando comigo mesma que não ousaria, traí-me, e ao cometer tal erro quase que juvenil, encontrei uma foto, minha foto. Caramba! Em princípio, senti vontade de dar a surra que você nunca recebeu e em seguida perguntar se já consultou algum especialista em bipolaridade. Depois, consegui dar risada, boa tática usar um dia como aquele para fazer uma piada irônica, tão sagaz quanto se pode ser. Por fim, preferi presumir ser este um daqueles momentos em que se faz certas coisas sem objetivo ou intento qualquer, somente se faz.

Considero totalmente válido fazer o que se tem vontade, tanta burrada, um dia, deve servir para alguma coisa, entretanto, certas coisas não são permitidas quando se atinge outrem e, o que pode ser ainda pior, quando não se sabe sobre a satisfação ou a aceitação do outro quanto as nossas atitudes.

Apenas pergunto-me se há qualquer resquício de propósito em tal situação, e perdoe-me a indelicadeza e estupidez, mas faça-me apenas um favor, não me envolva na sua desordem, desta forma você bagunça o que vem construindo e parece menos seguro do que faz questão de transparecer.


(Caroline França)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O que se faz por viver.

Nem sempre as mesmas palavras têm o mesmo significado, nem sempre se consegue tudo, nem sempre se pode escolher ou definir o próprio futuro. Certas coisas são escolhidas por alguém que não nós mesmos. Quem as escolhe? Não sei, acredito que as pessoas definem esse alguém como destino, vida, Deus ou algo do tipo. O fato é que a vida não nos dá possibilidades, porque se de fato fosse tudo possível, não precisaríamos desistir de nada.

Sinto que não importa o quanto se queira ficar preso, o quanto se sinta bem fazendo algo ou o quanto se ame alguém, sempre somos levados de qualquer forma. Podemos até negar, fingir não ver, nos esquivar de algumas situações, mas temporariamente, quando menos esperamos, lá estão, nossas consequências nos esperando.


Escolhas são difíceis, umas mais e outras menos, e as que mais nos incomodam são aquelas em que os outros veem duas possibilidades, mas nós apenas conseguimos enxergar uma, e justo a que não nos agrada. E aí sofremos, nos punimos e percebemos que quase cem por cento dos nossos planos não passam de sonhos, já que quase nada é como se imagina.


Dizem que tudo que acontece conosco é por nossa culpa, dizem que decidi minha vida até aqui, talvez tenha mesmo decidido, não sei ao certo. Se sim, foram decisões tomadas inconscientemente, em um dia qualquer, ou até decisões pensadas, mas na grande maioria das vezes, houve interferência de alguém.


Sempre há alguém, ninguém vive sozinho, ninguém sofre sozinho, todo mundo depende de alguém e às vezes esse alguém é tudo o que se tem, e quando precisamos decidir entre as únicas pessoas que se tem e o que se ama, é que se percebe o quanto algumas coisas podem nos ser tiradas.


Às vezes parece que nada importa tanto, mas no final tudo importa, e o fato de não poder retornar no tempo faz as coisas parecerem tão decisivas e definitivas, quando não deveriam ser, já que nada dura para sempre, os erros também deveriam ser passageiros.


É por isso que vejo tanta dificuldade em escolher, sempre se está abrindo mão de algo, sempre alguma coisa fica para trás, e algumas delas não voltam, algumas coisas nos consomem com a dúvida do "se", e com o tempo, a gente aprende a se concentrar em outras direções e apostar em outras coisas, mas
 quando já não se tem nada a perder, fica tão fácil apostar em qualquer coisa...

(Caroline França)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

E a gente se move...

Duas pessoas muito amadas por mim, disseram-me que há alguns dias estou diferente, sinto-me diferente também. Não que algo especial tenha acontecido, também não quer dizer que nada ocorreu, só significa, mais uma vez, que tudo muda, às vezes é necessário um empurrão, um tropeço ou qualquer coisa do gênero, mas às vezes, só é preciso acreditar um pouco mais, um pouco mais na gente.

Sempre me vi como alguém extremamente insegura, e por isso totalmente controladora, planejo todos os meus passos e vivo tentando adivinhar o futuro, já apelei até para amigo cartomante! E pela primeira vez, eu não faço ideia de como serão os próximos meses, e isso não me assusta como antes, acho que isso se chama sexto sentido, e ele me diz que coisas boas virão, e muito em breve.

Dizem que precisamos fazer nossa parte, não?! Por alguns motivos, meu 2012 estava virando reprise de 2011, tratei de alterar logo as coisas. Renovei o guarda-roupas, fui à lugares antes desconhecidos, guardei o que precisava e livrei-me do desnecessário. Troquei o shampoo, o perfume e os planos, que na verdade, agora, prefiro chamar de metas, pois assim dou liberdade para que elas aconteçam no tempo em que têm que acontecer.

E enfim, minha primeira meta: Deixar de controlar as coisas, aguardar o inesperado, dar risada do que me irrita, observar de frente meus medos e buscar não cometer os mesmos erros. Pelo menos por enquanto, conservar o que faz bem e esperar pelo que me fará melhor ainda... E assim me manter diferente, até cansar e mudar de novo, e de novo, e de novo...

(Caroline França)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Eu vi um anjo, tenho certeza que sim.

Dia 12/01/2010 foi o segundo pior dia da minha vida até hoje, quero dizer, não que na época eu esperasse que este dia fosse demorar a acontecer e, por bastante tempo, desejei que acontecesse aos poucos e não repentinamente como se caracterizou o pior dia da minha vida.

Lembro-me nitidamente a rotina que sucedeu a passagem de ano, que para ser sincera, foi maravilhosa e muito me culpei por isso, pois enquanto nos divertíamos, o rumo dos acontecimentos iam tomando proporções que talvez se estivéssemos no lugar certo, na hora certa, chegaríamos a tempo de salvá-lo. Mas estávamos tão fatigados de sempre cuidar de tudo, que no momento em que não deveríamos, confiamos esta responsabilidade à outra pessoa, que muito pouco ou quase nada fez, não por falta de vontade, por incapacidade mesmo.


Foram os dias mais difíceis, visitas incansáveis e a cada dia era possível observar um novo problema, um novo equipamento e menos chances de qualquer esperança cultivável, até que o tão temido coma se fez presente. Em pensar que tudo começou por uma queda e terminou com uma septicemia incontrolável.

Devo dizer que minha profissão está diretamente ligada à fatos como esse, familiares em posições desfavoráveis e médicos medíocres que apenas conseguiram dizer "Aconselho se despedir, nada mais podemos fazer." Oras, faça qualquer coisa, mas não me diga que nada pode ser feito, honre seu papel e seja ao menos complacente com a dor alheia, seja ao mínimo competente e faça o melhor! Sempre há algo a ser feito. E foi exatamente nisso que pensei, mas haviam coisas mais importantes a serem feitas e pouco tempo para culpar alguém, seja esse alguém médico ou até mesmo Deus.

Passei junto à minha mãe exatamente 55 minutos na UTI do hospital, e tentava decifrar aqueles aparelhos que ficavam apitando e enlouquecendo todo mundo a todo tempo, procurava por qualquer sinal de vida, qualquer sinal de luta interior e, nada. Passei 11 dias implorando à Deus que o devolvesse a saúde, caso contrário, seria inevitável o abalo inestimável na família, em especial à pessoa que o carregava no colo desde sempre, mas que até então só conseguia chorar e já não sabíamos mais como proceder.

No 12° dia, resolvi deixar que Deus fizesse sua vontade, passei alguns minutos contemplando-o e fiz uma pequena oração, pedindo para que se a situação fosse difícil de mais para ele, que se meu pedido fosse caro de mais, árduo de mais, que ele partisse, pois o sofrimento já devastava à todos. Pedi para que se ele não conseguisse, que se sentisse em paz para fazer o que tinha de ser feito, não o culparia por fraqueza, muito pelo contrário, sei que ele lutaria se conseguisse, mas já não nos cabia mais decidir ou mensurar força alguma.

Assim que chegamos em casa, fomos solicitados no hospital, e não era necessário ninguém pronunciar coisa alguma, sabíamos do que se tratava. Lembro-me de correr para o quarto e sentar no canto, sem ao menos acender a luz chorei baixinho, não sabia ao certo se era dor propriamente dita, medo ou saudade antecipada, só sei que se tratava de algo inevitável de se sentir.

Ao chegar ao hospital o médico fez a mesma cara que hoje faço ao presenciar a morte de alguém, aquela cara de pedido de desculpas, de impotência, de um vazio por saber que as palavras pronunciadas derrubarão muitas estruturas que jamais poderão ser refeitas.

Hoje, quase dois anos depois, ainda me dói sua ausência, ainda choro baixinho e escondido para que ninguém note. Espero que exista mesmo vida após a morte, espero que tenha reencontrado o amor de sua vida que tanto lhe fez falta nos seus últimos 5 anos de vida. Espero que tenha reencontrado o filho que lhe foi tirado aos 16 anos de idade por causa banal e lhe feriu mais do que tudo na vida.

E mais do que qualquer coisa, espero que assim como aqueles que já haviam partido, não tenha esquecido o amor que sempre lhe foi dedicado e que ainda hoje permanece o mesmo, talvez tenha crescido junto com a saudade que grita durante as comemorações, aniversários e em todos os dias em que desejo poder abraçá-lo e não posso.

Espero poder encontrá-lo quando chegar a hora, até lá, contento-me em observar as fotografias dos momentos mais felizes de nossas vidas, e assim me despeço mais uma vez, nos guie e nos proteja, pois a cada dia, morremos um pouco mais de saudades tuas.

(Caroline França)