" Uma tarde amena,...

Lido muito mal com a morte, passaria a eternidade vivendo sem nenhum problema.
Me dá a maior tristeza saber da existencia de tanta coisa que jamais poderei ver em vida.
Me especializaria em todo tipo de profissão, escutaria todas as musicas e de todos os tipos,

visitaria todos os lugares da cidade (...) Mas quase não temos tempo, quase não vivemos.
- Caroline França -

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

E a gente se move...

Duas pessoas muito amadas por mim, disseram-me que há alguns dias estou diferente, sinto-me diferente também. Não que algo especial tenha acontecido, também não quer dizer que nada ocorreu, só significa, mais uma vez, que tudo muda, às vezes é necessário um empurrão, um tropeço ou qualquer coisa do gênero, mas às vezes, só é preciso acreditar um pouco mais, um pouco mais na gente.

Sempre me vi como alguém extremamente insegura, e por isso totalmente controladora, planejo todos os meus passos e vivo tentando adivinhar o futuro, já apelei até para amigo cartomante! E pela primeira vez, eu não faço ideia de como serão os próximos meses, e isso não me assusta como antes, acho que isso se chama sexto sentido, e ele me diz que coisas boas virão, e muito em breve.

Dizem que precisamos fazer nossa parte, não?! Por alguns motivos, meu 2012 estava virando reprise de 2011, tratei de alterar logo as coisas. Renovei o guarda-roupas, fui à lugares antes desconhecidos, guardei o que precisava e livrei-me do desnecessário. Troquei o shampoo, o perfume e os planos, que na verdade, agora, prefiro chamar de metas, pois assim dou liberdade para que elas aconteçam no tempo em que têm que acontecer.

E enfim, minha primeira meta: Deixar de controlar as coisas, aguardar o inesperado, dar risada do que me irrita, observar de frente meus medos e buscar não cometer os mesmos erros. Pelo menos por enquanto, conservar o que faz bem e esperar pelo que me fará melhor ainda... E assim me manter diferente, até cansar e mudar de novo, e de novo, e de novo...

(Caroline França)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Eu vi um anjo, tenho certeza que sim.

Dia 12/01/2010 foi o segundo pior dia da minha vida até hoje, quero dizer, não que na época eu esperasse que este dia fosse demorar a acontecer e, por bastante tempo, desejei que acontecesse aos poucos e não repentinamente como se caracterizou o pior dia da minha vida.

Lembro-me nitidamente a rotina que sucedeu a passagem de ano, que para ser sincera, foi maravilhosa e muito me culpei por isso, pois enquanto nos divertíamos, o rumo dos acontecimentos iam tomando proporções que talvez se estivéssemos no lugar certo, na hora certa, chegaríamos a tempo de salvá-lo. Mas estávamos tão fatigados de sempre cuidar de tudo, que no momento em que não deveríamos, confiamos esta responsabilidade à outra pessoa, que muito pouco ou quase nada fez, não por falta de vontade, por incapacidade mesmo.


Foram os dias mais difíceis, visitas incansáveis e a cada dia era possível observar um novo problema, um novo equipamento e menos chances de qualquer esperança cultivável, até que o tão temido coma se fez presente. Em pensar que tudo começou por uma queda e terminou com uma septicemia incontrolável.

Devo dizer que minha profissão está diretamente ligada à fatos como esse, familiares em posições desfavoráveis e médicos medíocres que apenas conseguiram dizer "Aconselho se despedir, nada mais podemos fazer." Oras, faça qualquer coisa, mas não me diga que nada pode ser feito, honre seu papel e seja ao menos complacente com a dor alheia, seja ao mínimo competente e faça o melhor! Sempre há algo a ser feito. E foi exatamente nisso que pensei, mas haviam coisas mais importantes a serem feitas e pouco tempo para culpar alguém, seja esse alguém médico ou até mesmo Deus.

Passei junto à minha mãe exatamente 55 minutos na UTI do hospital, e tentava decifrar aqueles aparelhos que ficavam apitando e enlouquecendo todo mundo a todo tempo, procurava por qualquer sinal de vida, qualquer sinal de luta interior e, nada. Passei 11 dias implorando à Deus que o devolvesse a saúde, caso contrário, seria inevitável o abalo inestimável na família, em especial à pessoa que o carregava no colo desde sempre, mas que até então só conseguia chorar e já não sabíamos mais como proceder.

No 12° dia, resolvi deixar que Deus fizesse sua vontade, passei alguns minutos contemplando-o e fiz uma pequena oração, pedindo para que se a situação fosse difícil de mais para ele, que se meu pedido fosse caro de mais, árduo de mais, que ele partisse, pois o sofrimento já devastava à todos. Pedi para que se ele não conseguisse, que se sentisse em paz para fazer o que tinha de ser feito, não o culparia por fraqueza, muito pelo contrário, sei que ele lutaria se conseguisse, mas já não nos cabia mais decidir ou mensurar força alguma.

Assim que chegamos em casa, fomos solicitados no hospital, e não era necessário ninguém pronunciar coisa alguma, sabíamos do que se tratava. Lembro-me de correr para o quarto e sentar no canto, sem ao menos acender a luz chorei baixinho, não sabia ao certo se era dor propriamente dita, medo ou saudade antecipada, só sei que se tratava de algo inevitável de se sentir.

Ao chegar ao hospital o médico fez a mesma cara que hoje faço ao presenciar a morte de alguém, aquela cara de pedido de desculpas, de impotência, de um vazio por saber que as palavras pronunciadas derrubarão muitas estruturas que jamais poderão ser refeitas.

Hoje, quase dois anos depois, ainda me dói sua ausência, ainda choro baixinho e escondido para que ninguém note. Espero que exista mesmo vida após a morte, espero que tenha reencontrado o amor de sua vida que tanto lhe fez falta nos seus últimos 5 anos de vida. Espero que tenha reencontrado o filho que lhe foi tirado aos 16 anos de idade por causa banal e lhe feriu mais do que tudo na vida.

E mais do que qualquer coisa, espero que assim como aqueles que já haviam partido, não tenha esquecido o amor que sempre lhe foi dedicado e que ainda hoje permanece o mesmo, talvez tenha crescido junto com a saudade que grita durante as comemorações, aniversários e em todos os dias em que desejo poder abraçá-lo e não posso.

Espero poder encontrá-lo quando chegar a hora, até lá, contento-me em observar as fotografias dos momentos mais felizes de nossas vidas, e assim me despeço mais uma vez, nos guie e nos proteja, pois a cada dia, morremos um pouco mais de saudades tuas.

(Caroline França)