Há dias que tudo para. Tenho vontade de dormir o tempo todo, mas
não tenho sono, e quando tenho, não consigo dormir. Pensar na rotina do
dia-a-dia me enjoa. Até as coisas que mais amo fazer trazem-me tédio. Tudo fica insuportavelmente monótono, as pessoas incrivelmente
vazias e os dias inaceitavelmente quentes. E eu canso, canso de tentar, canso
de fazer qualquer coisa, canso de não ter tempo para fazer outras coisas,
canso! E é aí, no exato momento em que estou prestes a explodir, prestes a desistir, que surge aquele motivo. Aquele que traz flores todas as manhãs. Aquele que há um
tempo havia se excluído na tentativa de me permitir ser feliz, sem saber que na
verdade, me fiz triste em sua ausência. Aquele primeiro motivo. Aquele que me
promete diariamente estar presente, e eu já havia esquecido como é sentir-se
desta maneira. Aquele que esteve presente nos melhores e nos piores momentos, e
hoje apenas pede permissão para fazer, novamente, parte dos meus dias, dos meus
sorrisos e do meu querer. E permito. Permito-me viver hoje e só hoje. Não quero
nada pré-determinado, não quero contratos, não quero rotina, não quero
nada que me manipule, me rotule ou que me prenda! Quero qualquer coisa que me
faça melhor, me permita fazer loucuras, que me faça perder o ar. Quero ser o melhor
que puder, e ter o máximo do que merecer. Mas quero hoje, e só hoje!
(Caroline França)